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Com o pires na mão

Por Edilson Deitos – Presidente do Sinplast

A grave crise que se instalou no Brasil é fruto da corrupção que permeou em todas as instituições, sendo a maior delas que por enquanto podemos mensurar envolvendo a Petrobras. “O criar dificuldades para obter facilidades”, lema da gestão pública brasileira há décadas, está agora saindo mais caro e doloroso do que o planejado, se é que foi planejado.

Como solução para salvar uma estatal combalida pela corrupção e pela má gestão, implementaram uma correção diária dos preços atrelados ao mercado internacional e à variação cambial. Não levaram em conta ser esse um setor vital para a economia e o funcionamento do País. Não tiveram a sensibilidade de avaliar que as variações recentes dos preços internacionais do petróleo mais a valorização internacional do dólar seriam o estopim perfeito para o caos instalado.

Aqui estamos, assim estamos, com reflexos importante para o setor industrial, que está há uma semana sem faturar, fábricas paradas, fluxos de caixa atingidos. Será que a paralisação também atingirá o pagamento de impostos? Claro que não. Teremos que fazer frente às guias de IPI, PIS e Cofins, à folha de pagamento, à energia elétrica (que embora não consumimos iremos pagar a demanda), aos empréstimos e Finames. Certamente estaremos com o pires na mão, pedindo recursos financeiros a custos elevadíssimos para o sistema financeiro cada vez mais seletivo e cobrando mais garantias.

O setor produtivo nacional não aguenta mais pagar a conta. Somos quem mais gera empregos, mais impostos proporcional ao PIB, sem falar que pagamos os tributos antes de recebermos dos clientes. Na indústria de transformação do plástico, inúmeras empresas já pararam suas atividades e a normalização de recebimento de matérias-primas levará pelo menos mais 15 dias. Imagino o setor da agroindústria, no qual as perdas de toda a cadeia são incalculáveis, além do desperdício de alimentos.

Sem um Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) mais enxuto e com menos benesses veremos como solução a carga cada vez maior sobre o setor produtivo e isso não aguentamos mais.